e tenho aqui mais umas muitas notas caóticas sobre o tema, mas não importa. fundamental é mesmo o amor !
terça-feira, 31 de agosto de 2010
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
frase do dia
domingo, 29 de agosto de 2010
frase do dia
o amor
amado
Que mulher não ficaria insana e desequilibrada ao lado de um homem que diz com a boca que ama mas não diz com os olhos, que diz com a boca que está ali para o que der e vier, mas não diz com os atos? Que mulher não piraria e não ficaria chata ao lado de um homem cheio de músculos mas sem nenhuma força para ser um homem melhor? Não, eu não queria o homem perfeito que eu idealizei não, eu só queria um homem de verdade. Um homem que namora de verdade, que ama de verdade, que tenta de verdade, que encara a vida de verdade, que sofre de verdade, que tem saudade de verdade, que tem dor de verdade, que é humano de verdade. Não, sua pata véia afogada, eu não precisava de um pai, eu não precisava de cuidados 24 horas por dia, eu não precisava de alguém para me salvar, eu não colocava nele toda a minha felicidade, eu não queria mandar nele, eu não queria que ele deixasse de ver a Lua ou curtir o Sol, eu só queria que ele tivesse me amado metade do que ele disse que amava. Ou metade do que eu amava. Que mulher não seria digna de uma camisa de força ao ver que o homem que ela ama é o maior de todos os homens por dentro, mas insiste em ser um idiota, cercado de coisas, palavras, musicas, lugares e pessoas idiotas, por fora? Que mulher não babaria tomando choques na cabeça, ao saber que o homem mais sensível, puro e lindo do mundo, insiste, por medo que o machuquem, em se fazer de invencível e cagar pro resto do mundo? E por fim, eu pergunto a você minha querida super profissional patolina afogada: que mulher suportaria amar um homem que, incapacitado em fuder com a vida da mulher que fudeu com a dele, resolveu fuder com a minha que não tinha nada a ver com isso? Eu só queria ganhar uns beijos e alguns olhares de amor, só isso. Chega, não quero mais essa culpa, esse inconformismo e essa incapacidade de não pensar nessa merda toda. Não quero mais essa fresta por onde entra tanto frio e tanta dor. Nesse momento, fecho a porta inútil do seu consultório escuro e aproveito para fechar também a porta entreaberta que ele deixou no meu coração. Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho embaixo da coberta com medo de não ser bonita e inteligente. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso. Você varreu da sua vida de mesmices seguras, de calmarias estúpidas, de ideais banais, de auto-controles medrosos, de superficialidades controladas, de felicidades fáceis, de gostos iguais, de angústias disfarçadas, de ego machucado, de baladas tristes, de meninas fúteis, de praias iradas, de solidões acalmadas pelo sono, uma mulher com todos os defeitos e loucuras que só uma grande e verdadeira mulher que ama tem. Hoje eu fecho as portas para o ódio descontrolado de quem passa fome ao lado de grandes mansões, fecho as portas da goela estridente da véia coroca que viu sem enxergar mas acabou me fazendo ver ainda melhor quem eu sou e ter orgulho disso, aproveito para fechar de vez, para você, as portas do meu coração que de tanto pedir esmolas, estava virando bandido.
silêncio
sábado, 28 de agosto de 2010
lugares para chorar em são paulo .
De Giovana Madalosso.
Nem só de diversão vive o homem. Chorar também é preciso e, quando feito de maneira adequada, pode se revelar um ato de grande prazer. Se você quer chorar, saiba que São Paulo – cidade de tantas opções – também oferece lugares propícios para essa prática, onde o chorador se sentirá estimulado a verter seu pranto gota a gota, em quantidade suficiente para regar uma planta ou encher um aquário.
Supermercado 24 horas: recomenda-se uma visita durante a madrugada, quando você pode caminhar por corredores vazios, com a luz fria a iluminar a solidão dos notívagos e os olhares de peixe morto. Não é esse um microcosmo do mundo lá fora? Embalagens imploram por atenção, usando de frases de efeito, cores chamativas e outros subterfúgios estéticos para se destacarem entre seus pares, numa luta inglória pelo reconhecimento antes do prazo de validade. É, meu querido consumidor, a carência não poupa homens nem latas. E quando alguém lhe perguntar “tem algum item faltando?”, você poderá dizer “sim, me faltam todos os itens nesta vida!”. E ao perceber que até uma frase do manual da rede é capaz de lhe trazer alento, você estará pronto para chorar aos borbotões, sempre com a vantagem de ter à mão uma caixa de lenços em oferta.
Trânsito: ah, como é bom chorar na privacidade de um automóvel, com o gás carbônico acariciando as narinas e buzinas, sirenes e xingamentos se sobrepondo lá fora. Até parece que todo esse caos foi carinhosamente projetado para a sua dor. Entregue-se, sem pressa. Até porque você tem todo tempo do mundo para debulhar-se, sem ter de sequer engatar a segunda. Para uma experiência completa, repare como, nesse mar de individualismos, nem o seu pranto é capaz de incitar piedade. Ao invés de lhe dar um lenço, os outros motoristas vão lhe dar é uma bela cortada. Se está triste desse jeito, por que não se mata de uma vez? Seria um carro a menos, hão de murmurar entre os dentes, deixando você bem no meio do cruzamento, sob o olhar atento de um guarda que anota a sua placa.
Estátua do Borba Gato: não é comovente o esforço dedicado para erigir tamanha feiura? Pense quantos dias, meses e anos o escultor despendeu nesse trabalho insano, sem se dar conta de que apontava o cinzel na direção errada. Então você poderá chorar por ele e pela natureza humana, tão pródiga em equívocos de tamanha grandeza. Ou até pelo velho Borba, condenado a viver para sempre num paletó de ladrilhos.
Terraço Itália: lugar indicado para quem gosta de chorar com elegância. Peça um uísque, gire o gelo no copo e observe a vista. Você está no topo do mundo e, por alguns segundos, terá a ilusão de estar a salvo. Mas logo irá perceber que não adianta fugir: a sua tristeza é insistente a ponto de subir quarenta e um andares só para sentar-se ao seu lado. E, se a presença dessa companhia ilustre não for o bastante, peça a conta. O preço do drink irá, sem dúvida, levá-lo às lágrimas.
Cancela de Shopping: se tudo que você precisa para desmoronar é uma palavra de carinho, dirija-se ao shopping mais próximo. Pelo preço de uma permanência de duas horas, você vai ouvir alguém agradecendo a sua visita. Sim, alguém reparou que você veio, sabe quantas horas ficou e, pode ter certeza, gostaria que você tivesse ficado muito mais. Tanto que, se você demorar para sair, o braço esguio da anfitriã se fechará sobre o seu carro, e então você terá que voltar, entrar na fila de novo e revalidar seu ticket, agora se sentindo legitimado a chorar ainda mais.
Giovana Madalosso é cronista do Blônicas
o frango ao gengibre do homem quase perfeito.
Eu gosto de fechar os olhos e pensar em você grelhando um filé de frango.
Sabe aquele frango, que você fazia com gengibre? Leve toque de mostarda? Delicioso, picante, nem se via que era frango? Pois é, gosto de fechar os olhos e pensar em você passando ele na chapa, dourando um lado de cada vez, fazendo aquele fumacê sensual na cozinha. É uma visão meiga, me enche de paz e me faz salivar, no melhor e menos metafórico dos sentidos.
Acho que percebi que você seria uma coisa estupidamente inesquecível num dia como esses em que se grelham peitos de frango às três da manhã. Lembra? Uma vez foi assim, refeição feliz na madrugada. Você estava sempre com um sorriso no rosto, mesmo com sono. Estava sempre disposto a preparar uma comidinha para alguém mesmo que a matéria prima estivesse congelada. Naquela época, o alguém era eu.
Você me fez ser dessas que gostam de homens que preparam coisas. Que amassam frutas para fazer caipirinhas, parafusam buchas para colocar o pendurador de toalha, instalam fios de extensão para o DVD e assam pães de canela, tudo com o mesmo appeal.
Hoje fechei os olhos e pensei em você cozinhando com aquela camiseta que eu achava curta e que você amava. Você, de camiseta curta fazendo um franguinho, e eu, disfarçando a vontade de assumir o controle do fogão e sumir com aquele trapo velho que você vestia. Fico feliz de nunca ter feito isso. Imagine, não lembrar disso, que dó?
Teve aquele tempo em que a gente ainda não se conhecia. Tempo besta, o mundo era só um lugar abandonado e sem frangos. Ninguém nunca tinha grelhado nada no meio da madrugada para mim. Ainda não havia essas memórias, eu só me lembrava de coisas pouco importantes, como miojo e sucrilhos.
Mas um dia, então, você resolveu que adorava o cheiro de baunilha da minha casa e os meus guardanapos desenhados. E você achava que aquele carinho que eu fazia na sua testa, perto das têmporas, era a sobremesa perfeita. Isso, somado à visão de você preparando a caipirinha, grelhando um frango e me ajudando com as buchas e parafusos de casa, foram as coisas que me fizeram crer que talvez nada mais significativo viesse, um dia, a perfumar de gengibre as minhas memórias. Você sabe... Nada como memórias que cheiram a gengibre...
Agora, por exemplo, são onze da noite. Você deve estar preparando alguma coisinha para alguém.
Penso na sua risada doce e vem de novo aquela certeza de que talvez você fosse o homem quase perfeito.
Não fosse aquela camiseta curta e horrorosa, talvez você fosse.
No melhor e menos metafórico dos sentidos.
Cléo Araújo é cronista do Blônicas.
sobre o orgasmo e outras distrações.
Ele acorda. Ela acorda. Mais um dia, mais um mês, mais um ano, mais uma vida. Uma vida a dois, regada de dificuldades, mas que lhes proporciona colheitas espetaculares. Aprenderam os truques de um bom plantio. Nada sabem, é claro, mas sabem. Doeu aprender, mas a dor é necessária. Basta observar, estúpido cupido, como as coisas boas da vida estão sempre ligadas à dor, como procuramos o gozo contínuo, a satisfação da insatisfação latente. E isso dói, como dói. Quem disse foi o velho do charuto, aquele da Rua Berggasse 19, nada tenho com isso e não aceito reclamações.
E fez-se a luz, que faz jorrar o sangue, todos os dias, que traz os orgasmos múltiplos de simplesmente ser, existir, respirar. É preciso estancar a ferida com a ponta da faca incandescente, cauterização just-in-time, que traz o alívio, o gozo. Ele quer gozar nela(e), ela quer gozar nele(a), eles querem gozar no mundo, mas o mundo não quer gozar neles. Entretanto, se deixam levar pelas vielas do prazer, afinal isso é amar, é ousar um salto no escuro, é confiar seu destino a mais do que apenas você, é permitir que a tampa feche a panela, é escolher um cúmplice para as piores e melhores horas, é sentir de verdade a razão de se viver por viver. É jorrar a semente, é plantar vida, novas vidas ou vidas novas.
O objetivo simples e direto, olhinhos virados, pêlos arrepiados, gemidos incontidos... A maior das maravilhas do universo. E somado ao amor, o que dizer? Insuperável. Pois ele talvez seja a maior das perversões, a prisão que liberta, a indefectível filosofia na alcova, o que nos torna rijos e pulsantes. Viva a dor de viver a dois e viva duas vezes mais. É um gozo só...
Nelson Botter Jr é cronista do Blônicas .
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
escolha
ninguém
Tati Bernardi.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
frase do dia
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
musica
mulher serpente,
De repente várias coisas começaram a passar tumultuadas em minha mente
Fatos, atos, coisas que nem sei explicar
Mas algo ali naquele momento foi tomando forma
Um sentimento já conhecido por mim, mas que não me visitara há algum tempo
Buenas (diz logo ao chegar), como tem passado?
Não muito bem, até certo ponto eu achei que estava melhor, mas não
Na verdade só tinha reprimido lembranças e pensamentos
Eu sabia! (com uma mão no queixo andando de um lado para o outro.)
Por isso que eu voltei! (exclama com sua imagem turva.)
Sabes que não é bem assim que as coisas funcionam, como posso dizer meu caro “AMIGO”
Aquele sorriso sarcástico me irrita, me da vontade de diferir um murro em sua face, mas não o faço.
Fico inerte olhando para o nada só eu a criatura e os pensamentos.
Como agir em tal situação?
Onde a criatura parece ser mais forte que o criador, onde me encontro de mãos atadas sem lhe puder tirar à razão.
A criatura segue falando por horas me atormentando, me diminuindo, me confundindo tentando me levar ao chão.
Lentamente começo a sentir os efeitos de suas agressões psicológicas
Meu corpo está estático, nenhum movimento, a respiração lenta e pesada, nem os olhos se movem, pareço estar enfeitiçado pela criatura.
Em minha mente ela começa a tomar forma de serpente, inquieta sempre me diminuindo, me agredindo psicologicamente.
Tenho vontade de estrangulá-la neste momento, mas ainda sigo paralisado.
Tento desviar o pensamento, mas ela está em todo lugar!
O que devo fazer?
Ela se aproxima do meu ouvido, desta vez tomando forma de mulher, e começa a sussurrar coisas em meu ouvido.
Sexo sujo promiscuidades, ela não mais me agride.
Agora ela me quer, estou totalmente confuso.
Ela me rodeia, com os olhos de fogo ela me encara e se aproxima lentamente
Ela me quer, ela morde meu lábio inferior com leveza, se aproxima do meu pescoço e vai em direção a minha orelha, uma respiração intensa, então...
Eu abro os olhos.
do blog, da postagem anterior !
terça-feira, 24 de agosto de 2010
frase do dia
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
é como imaginar um futuro presente
Tati Bernardi
deusa x menina da festa querendo dar
Como não tenho seu celular e nem sei seu sobrenome e nem tenho seu e-mail e nem conheço ninguém que te conheça, não teve outro jeito mesmo. Tive que vir pessoalmente. E esperar você voltar do almoço. Da sua cara eu acho que eu lembro. Lembro sim, você parecia um cara por quem fui apaixonada no colegial, só que com mais sobrancelha. E você olha pra baixo andando, tipo motoboy ou entregador de qualquer coisa.
Agora eu tô aqui, parada, esperando você chegar. Meu coração tá a mil por hora como nunca esteve por ninguém. E eu nem gosto de você, nada. Não sinto nada por você. Nem sei se esse nome é nome ou apelido. Nem prazer eu tive, apesar de ter fingido pra você parar logo com aquilo que tava fazendo no osso da minha bacia. Achei você chato de doer, como todo homem que apressa mulheres e abaixa cabeças. O típico simplório que separa as mulheres nos grupos tratar como deusa x tratar como uma menina de festa querendo dar. Meninas de festa querendo dar, meu querido, é que são deusas. As deusas vão querer casar com você e não passam de meninas de festa querendo dar.
Achei você sem assunto, com aquele jeito deprimido de quem só fala sobre o que gosta de fazer. Achei você chato de doer. Você tem o pior que uma pessoa de vinte e poucos anos pode ter: deslumbramento com gente mais velha. Você acha o máximo seu chefe, acha o máximo o dono da festa, me achou o máximo. Um dia você vai descobrir que o máximo é dormir dez horas sem sobressaltos. Aí você virou um homem.
Olho pro espelho da recepção, enquanto você não chega, e me vejo ensaiando. Eu tava fantasiada de gueixa e você achou legal minha piada de areia movediça, achou legal eu ter um ponto de taxi bem na porta de casa, achou legal eu ter um pacote de camisinhas na cabeceira da cama e achou legal o sutiã de bolinhas. Acho que isso foi tudo. Não lembro de mais nada. Quer dizer, eu lembro sim, eu lembro quando você, por causa da bebida e de outras coisas que eu não vi mas tenho certeza que você tragou, reclamou que a camisinha tava escapando. E de eu pensar na hora “era só o que me faltava!”. Só isso. Antes de você ir embora, você pediu meu telefone e eu apenas dei risada e falei que se você quisesse, tinha suco Del Vale na geladeira. Eu tava louca pra me livrar desses sucos depois que o cara que eu amava me falou que alguém da Daslu encontrou algo bizarro neles tipo o rabo de um rato mutante. E daí lembrei do cara que eu amava e quis que você fosse embora mesmo sem tomar suco nenhum. Porque eu, fulano, sou deusa. Apesar de você ter merecido só a menina da festa querendo dar. E apesar de saber que ser deusa pro cara que eu amava tinha me feito sentir mais lixo do que ser uma vadia pra você. A vida, fulano, é duríssima. Muito mais dura do que essa coisa meia-bomba que você trouxe aqui pra minha casa. Suma!
No dia seguinte eu botei tudo pra lavar. Eu só queria me divertir um pouco. Mas nada pode. Se você quer amar, não pode, a coisa vira toda contra você. É coisa de mulher chata. Se você quer dar, também não pode não. É coisa de vadia. O mundo é um lixo com as mulheres. E minha mente tem esse mundo aqui dentro. Esse lixo. Não queira nada, mulher! Apenas diga não e tenha o mundo aos seus pés. E dane-se se sua alma é dessas querendo dizer sim pra ser honesta e com bode do não de quem faz charme e não faz o que quer. Ser de verdade traz uma dor de verdade e só.
Eu arranquei tudo e botei na máquina. A gente faz as coisas pra matar dentro da gente e morre junto. A gente faz pra ferir quem pouco sente nossa existência e vai, aos poucos, deixando de existir pra gente mesmo. A gente faz pra provar que também existe sem amor e acorda se procurando no dia seguinte. Era só pra ser algo divertido e vira um drama. O amor era pra ser amor e virou só um troço que acabou porque eu esqueci que era pra ser divertido e pensar isso do amor me ofende. Viver é duríssimo.
Depois disso duas coisas aconteceram: eu nunca mais lembrei daquela noite e eu nunca mais menstruei. Já faz mais de três meses. E por causa disso, camarada, é que estou aqui, agora, te esperando. E as pessoas olhando pra mim. Ainda bem que estou em pé, mascando chiclete, esperando, dentro de um prédio. Se fosse a rua, eu seria mesmo uma vadia de esquina. Agora dei de pensar esse absurdo sobre mim. Eu? A garota que chora em mensagens de PowerPoint com cachorrinhos e bebês e anjos? Vadia? Queria só um abraço, sabe? Eu só queria um abraço. Não seu nem de ninguém que exista agora. De alguém. A eterna espera por esse abraço, simples, apenas uma droga de abraço que aceite numa só a deusa, a menina de festa querendo dar e outras milhares de coisas que eu, juro, não são tão ruins assim. Então não era você que eu esperava? Não! Eu esperava alguém que pudesse só me abraçar por um tempo maior que esses socorros rápidos que arrumo quando grito mais alto. Eu com medo do fundo do mar e me agarrando nas pessoas pra não afundar, mostrando buracos pra esconder meu medo de cair nele.
Voltei pro estacionamento sem te encontrar e senti as duas melhores coisas que já senti em toda a minha vida: cólica e claustrofobia.
frase do dia
Veronica H.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
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não sei de quem é D:
frase do dia
- Fiodor Dostoievski
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
(+) frases
- Clarice Lispector
blogs
para atravessar agosto
Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir,dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus,fica a suspeita de sinistros angúrios , premonições.
Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade.
Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós.
Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu- sem o menor pudor, invente um.Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês.
Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros,juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem
molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se , e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques-tudo isso ajuda a atravessar agosto.
Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire , a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas- coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.
Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto,digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.
- Caio Fernando Abreu
do blog, Confraria, na postagem abaixo .
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Quando, finalmente, criou coragem e deixou de dar casa, comida e roupa lavada para a tal dor, ela desapareceu
outros blogs, confraria
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
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pelo caio
Não existe divisão.
Eu não sou só eu.
Eu sou também você e todos os outros,
e todas as coisas que eu vejo.
Você não me entende porque você nunca me olhou. Olhe firme no meu olho, me encara fundo.
A gente só consegue conhecer alguém ou alguma coisa quando olha para ela bem de frente, cara a cara.
Me diz o que é que você está vendo no fundo das minhas pupilas?
- No fundo das tuas pupilas eu vejo meu próprio rosto.
- E no fundo das suas pupilas eu vejo o meu próprio rosto.
Quando eu olho no seu olho eu sou você e você é eu. Se você tiver medo de mim é porque você tem medo de você.
Me diga agora, outra vez: você tem medo de mim?
pelo caio
Caio Fernando Abreu
terça-feira, 17 de agosto de 2010
imagem
pelo caio
frase do dia
SHAUHUSUAHSUAHSHAUS muito bom !
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
mais uma de amor pra quem não ama
Mal sabe ele que acabo de responder a uma mensagem de texto dizendo que vou chegar em minutos. Ele me espera com a porta do banheiro aberta, enquanto esfrega seu centro num ato de pureza. Ele quer sacanagem comigo, mas daquele tipo de sacanagem pura com direito a perguntar baixinho "tá doendo"?
Não muito longe dali ele se prepara para sair com os amigos, seus amigos tão deliciosos quanto ele. Passa o mesmo perfume que eu, mas na versão masculina. Seu charme está em ter transformado a sua dor em ironia. Adoro pessoas sofridas. Adoro o ódio medroso e óbvio das pessoas sofridas. Talvez amanhã a gente possa se odiar juntos, num ato de sinceridade livre e animal perante tantos amores pálidos pela cidade corretinha. A cidade corretinha que faz bodas disso e bodas daquilo, mas se entope da porra do Prozac, mas se entope da porra do canal de sexo com aquelas mulheres de sobrancelha desenhada. Mas se entope da porra da opinião dos outros sobre o que é ter chegado lá. Ninguém chega a porra de lugar nenhum.
Mas eu chego, e estaciono meu carro lá dentro, como se fosse dona do pedaço. Ao menos por algumas horas eu serei dona de um pedaço que agora é esfregado no banho em mais um ato de pureza. A sacanagem óbvia é muito mais pura que o ódio envergonhado das bodas disso e das bodas daquilo.
Ele pede a conta e vai embora. Jantou sozinho, o coitado. Se tenho pena? Nenhuma. Nenhuma. Cavoco meu ser até quase me virar do avesso para resgatar um pouco de bonitinho em minha alma, mas descubro que não tenho nenhuma pena dele. Não gosto de quem não amo e ponto final.
Ele encontra os amigos deliciosos e vai ganhar a noite. Se perde muito para tal. Mas ganha alguma coisa sim, sempre se ganha alguma coisa. Talvez uma rinite alérgica ou um buraco no peito. Mas sempre se ganha alguma coisa na noite.
Eu espero comportada do lado de fora enquanto ele termina de se esfregar. Sei da bucha porque sua pele chega quente e vermelha. Tenho vontade de colar minhas veias na dele para que meu sangue ganhe aquele mesmo movimento. Desde que ele me contou numa noite besta que queria salvar o mundo e isso não me soou mais um papinho furado sobre salvar o mundo, fiquei assim. Tenho vontade que meu sangue e o dele passeiem juntos.
Nós vamos mais uma vez nos olhar querendo transar até amanhã, mas vamos apenas assistir à novela e tentar adivinhar as falas. Nós vamos mais uma vez querer atravessar as ruas de mãos dadas, mas vamos brincar de dar ombradas um no outro. Eu prefiro morrer sua amiga do que quebrar algum elo misterioso e te perder para sempre. Te perder como sempre.
Ele escuta uma dessas músicas da modinha ao estilo Madeleine Peyroux antes de dormir e tenta entender qual é o meu problema. Será que eu não fui porque ainda sofro por aquele amor mal resolvido? Será que eu não fui porque tenho medo do amor? Será que eu não fui porque tenho medo de sofrer? Ahhh, os homens apaixonados. Ainda mais burros que as mulheres que acreditam na dor irônica. Eu não fui apenas por uma razão: eu não gosto de quem eu não amo e fim de papo.
Tiro o carro da garagem dele e corro para encontrar o outro e seus amigos deliciosos. Ele tem braço de estivador e tem um buraco entre o começo da perna e o fim do tronco. Coisa de homem sarado. Só não digo que ele parece o Bob da Barbie porque esse era eunuco e vivia rindo. Se bem que ele vive rindo e ri tanto que não parece ter centro. Parece eunuco .
Adoro sua virilha, sou obcecada por ela. Adoro seus amigos fortes. Adoro tudo o que dói nele, como diria aquela fala do filme "Closer" que eu adoro. Adoro que posso encontrá-lo sempre depois das três da manhã, sempre depois dos jantares que eu não vou e das transas que eu não faço. Adoro que posso morrer por ele ou nem lembrar que ele existe. Amor de pica é assim mesmo: o maior e o mais leviano de todos.
Ele acabou de me descobrir pela Internet e dorme tentando me encontrar, tentando me encaixar. Sente uma pontada no peito e uma pontada lá embaixo. Deve ser engraçado ser homem e amar assim de maneiras tão opostas e complementares. Ele não sabe que tudo o que eu mais quero é casar e ser mãe de um casalzinho que dança pelado antes do banho. Mas esse meu querer está esquecido em algum canto de mim, está esquecido depois de tanto eu querer isso e a vida me dizer que eu ainda não podia.
Ganhei a porra da dor irônica. Ainda que seja estupidez acreditar nela. Agora o que eu quero é saber que o outro se esfrega no banho, que o outro se fode no restaurante, que o outro me espera sempre depois das três e tem amigos deliciosos. Que o outro é especial demais, mas talvez ainda não seja o personagem principal daquela festa de final de novela, com todos os personagens de bem.
Está acabando a história, mas ainda dá tempo de não amar mais um pouquinho. Mando uma mensagem para ele, que a essa altura dorme abraçado a uma menina que já encheu o saco, achando que encontrou a mulher da vida. Mando uma mensagem para ele, que a essa altura dorme demais como sempre e já deve ter me esquecido, mesmo lembrando de mim em todos os intervalos de coisa melhor pra pensar. Mando uma mensagem para ele, ainda que ele já tenha desistido do amor e prefira o cheiro de chiclete com chulé da nuca da sua filha.
Durmo com mais de trinta homens, e mais uma vez sozinha. Mas esse texto, juro, é uma comemoração a isso. No fundo, no fundo, eu gosto. Ainda que eu me sacaneie com pureza e me pergunte baixinho: tá doendo?
- Tati Bernardi
domingo, 15 de agosto de 2010
frases de filme
- O amor pede passagem.
frases de série
One Tree Hill
trechos
Cah Moradi
curtinhos
Cah Moradi
trechos
Martha Medeiros
sábado, 14 de agosto de 2010
do outro lado da tarde
Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo, sem a menor tentativa de resistência. Não porque aquilo fosse terrível, ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse - e talvez tenha sido terrível, sim, é possível, talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado - a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo. Porque alguma coisa ficou. E foi essa coisa que me levou há pouco até a janela onde percebi que chovia e, difusamente, através das gotas de chuva, fiquei vendo uma roda-gigante. Absurdamente. Uma roda-gigante. Porque não se vive mais em lugares onde existam rodas-gigantes. Porque também as rodas-gigantes talvez nem existam mais. Mas foram essas duas coisas - a chuva e a roda-gigante -, foram essas duas coisas que de repente fizeram com que algum mecanismo se desarticulasse dentro de mim para que eu não conseguisse ultrapassar aquele momento.
De repente, eu não consegui ir adiante. E precisava: sempre se precisa ir além de qualquer palavra ou de qualquer gesto. Mas de repente não havia depois: eu estava parado à beira da janela enquanto lembranças obscuras começavam a se desenrolar. Era dessas lembranças que eu queria te dizer. Tentei organizá-las, imaginando que construindo uma organização conseguisse, de certa forma, amenizar o que acontecia, e que eu não sabia se terminaria amargamente - tentei organizá-las para evitar o amargo, digamos assim. Então tentei dar uma ordem cronológica aos fatos: primeiro, quando e como nos conhecemos - logo a seguir, a maneira como esse conhecimento se desenrolou até chegar no ponto em que eu queria, e que era o fim, embora até hoje eu me pergunte se foi realmente um fim. Mas não consegui. Não era possível organizar aqueles fatos, assim como não era possível evitar por mais tempo uma onda que crescia, barrando todos os outros gestos e todos os outros pensamentos.
Durante todo o tempo em que pensei, sabia apenas que você vinha todas as tardes, antes. Era tão natural você vir que eu nem sequer esperava ou construía pequenas surpresas para te receber. Não construía nada - sabia o tempo todo disso -, assim como sabia que você vinha completamente em branco para qualquer palavra que fosse dita ou qualquer ato que fosse feito. E muitas vezes, nada era dito ou feito, e nós não nos frustrávamos porque não esperávamos mesmo, realmente, nada. Disso eu sabia o tempo todo.
E era sempre de tarde quando nos encontrávamos. Até aquela vez que fomos ao parque de diversões, e também disso eu lembro difusamente. O pensamento só começa a tornar-se claro quando subimos na roda-gigante: desde a infância que não andávamos de roda-gigante. Tanto tempo, suponho, que chegamos a comprar pipocas ou coisas assim. Éramos só nós depois na roda gigante. Você tinha medo: quando chegávamos lá em cima, você tinha um medo engraçado e subitamente agarrava meu braço como se eu não estivesse tão desamparado quanto você. Conversávamos pouco, ou não conversávamos nada - pelo menos antes disso nenhuma frase minha ou sua ficou: bastavam coisas assim como o seu medo ou o meu medo, o meu braço ou o seu braço. Coisas assim.
Foi então que, bem lá em cima, a roda-gigante parou. Havia uma porção de luzes que de repente se apagaram - e a roda-gigante parou. Ouvimos lá de baixo uma voz dizer que as luzes tinham apagado. Esperamos. Acho que comemos pipocas enquanto esperamos. Mas de repente começou a chover: lembro que seu cabelo ficou todo molhado, e as gotas escorriam pelo seu rosto exatamente como se você chorasse. Você jogou fora as pipocas e ficamos lá em cima: o seu cabelo molhado, a chuva fina, as luzes apagadas.Não sei se chegamos a nos abraçar, mas sei que falamos. Não havia nada para fazer lá em cima, a não ser falar. E nós tínhamos tão pouca experiência disso que falamos e falamos durante muito e muito tempo, e entre inúmeras coisas sem importância você disse que me amava, ou eu disse que te amava - ou talvez os dois tivéssemos dito, da mesma forma como falamos da chuva e de outras coisas pequenas, bobas, insiginificantes. Porque nada modificaria os nossos roteiros. Talvez você tenha me chamado de fatalista, porque eu disse todas as coisas, assim como acredito que você tenha dito todas as coisas - ou pelo menos as que tínhamos no momento.
Depois de não sei quanto tempo, as luzes se acenderam, a roda-gigante concluiu a volta e um homem abriu um portãozinho de ferro para que saíssemos. Lembro tão bem, e é tão fácil lembrar: a mão do homem abrindo o portãozinho de ferro para que nós saíssemos. Depois eu vi o seu cabelo molhado, e ao mesmo tempo você viu o meu cabelo molhado, e ao mesmo tempo ainda dissemos um para o outro que precisávamos ter muito cuidado com cabelos molhados, e pensamos vagamente em secá-los, mas continuava a chover. Estávamos tão molhados que era absurdo pensar em sairmos da chuva. Às vezes, penso se não cheguei a estender uma das mãos para afastar o cabelo molhado da sua testa, mas depois acho que não cheguei a fazer nenhum movimento, embora talvez tenha pensado.Não consigo ver mais que isso: essa é a lembrança. Além dela, nós conversamos durante muito tempo na chuva, até que ela parasse, e quando ela parou, você foi embora.
Além disso, não consigo lembrar mais nada, embora tente desesperadamente acrescentar mais um detalhe, mas sei perfeitamente quando uma lembrança começa a deixar de ser uma lembrança para se tornar uma imaginação. Talvez se eu contasse a alguém acrescentasse ou valorizasse algum detalhe, assim como quem escreve uma história e procura ser interessante - seria bonito dizer, por exemplo, que eu sequei lentamente seus cabelos. Ou que as ruas e as árvores ficaram novas, lavadas depois da chuva. Mas não direi nada a ninguém. E quando penso, não consigo pensar construidamente, acho que ninguém consegue. Mas nada disso tem nenhuma importância, o que eu queria te dizer é que chegando na janela, há pouco, vi a chuva caindo e, atrás da chuva, difusamente, uma roda-gigante. E que então pensei numas tardes em que você sempre vinha, e numa tarde em especial, não sei quanto tempo faz, e que depois de pensar nessa tarde e nessa chuva e nessa roda-gigante, uma frase ficou rodando nítida e quase dura no meu pensamento. Qualquer coisa assim: depois daquela nossa conversa - depois daquela nossa conversa na chuva, você nunca mais me procurou .
Caio Fernando Abreu
pelo caio
- Você me ama?
- Não.
Respondeu ele sorrindo.
Todos os que amo vão embora.
- Eu não suportaria te ver partir.
pelo caio
Caio Fernando Abreu
vida real
Algumas dizem isso com a cara assustada, me olham como se eu fosse perigosa, louca, estranha. Outras me olham como se tirassem sarro de mim, algumas acham engraçado.
Tem também um ou outro mais limitado que não entende absolutamente nada sobre mim e pergunta "Mas e aí? Quando você vai casar, ter filhos, um emprego fixo de oito horas por dia” ... achando que a busca ou angústia por sentimentos, sensações, por algo que mova, por algo inexplicável, por vida, acabam com alguma decisão como assinar um papel.
Minha mãe sempre teve muito medo que eu sofresse com minha personalidade, que eu enchesse de armas os inimigos e achava que eu queria viver sozinha no mundo.
Meu pai sempre disse que sou “teimosa”.
Até meu irmão mais novo acha que tudo seria mais fácil se eu fizesse as coisas dentro do padrão. (como se ele fizesse).
No fundo, essas pessoas, eu sempre soube, morrem de medo de ver alguém tão parecido com elas exposto ao mundo da maneira mais humana possível. Com celulites, manias, medo de não ser amada, fracassos, vitórias cuidadosamente alarmadas sem medo do egocentrismo e desejos estranhos.
Mas também existe o outro tipo de pessoas. O tipo que te ama, te ajuda, te admira, que queria ter sua coragem, que está ali pra você, que te acompanha, que te acolhe sem pedir nada em troca, que divide os mesmos sonhos e as mesmas loucuras, que te impulsiona, que te olha e te vê...
Uma das pessoas mais importantes da minha vida sempre me disse “Não tenha medo de ousar”
E acho que cresci acreditando nisso.
Não que eu seja diferente. Eu quero e preciso das mesmas coisas que as outras pessoas. Trabalho, dinheiro, casa, amigos, amor. A diferença é que eu quero mais que isso. Mais que o trivial, que o comum. Muito mais.
As necessidades básicas são poucas, e é fácil mantê-las. Para o resto é que se precisa mais. Para o resto é que se precisa ir além.
Eu sempre estive muito bem resolvida em relação a esse assunto e não tenho dúvida quanto ao caminho escolhido. Eu, do fundo do meu coração, tenho um orgulho absurdo de ser quem eu sou.
Não vou dizer que é fácil, e que nunca deu vontade de desistir, mas vale muito mais a pena continuar.
Tenho orgulho de conseguir transformar tudo o que dói em mim em aprendizado, fortalecimento, ao invés de sair transando com o primeiro babaca (não que eu já não tenha feito isso), encher a cara, me drogar ou simplesmente fazer de conta que nada está acontecendo, que nada me atinge e eu sou superior a dor.
Dói mesmo, eu me apaixono mesmo, eu sou intensa mesmo, eu me ferro mesmo, às vezes eu ferro as pessoas mesmo. Tudo é bom, tudo é vazio, tudo é bom de novo. Viver é um absurdo e não dá pra passar por isso tão ileso.
Eu prefiro ter histórias pra contar e como não dá pra fazer rascunho mesmo...
Tenho orgulho de ter construído um mundo onde qualquer pessoa, da mais incrível à mais idiota, possa virar personagem.
E de ter construído um mundo onde todos os sentimentos viram enredos com trilhas e a direção de arte certa. Dos sentimentos mais banais àqueles que nos fazem querer se rasgar inteira ou abraçar o mundo. Um mundo onde o por acaso, o cotidiano, o qualquer, o cinza, tudo pode ser motivo para gostar mais ou sentir mais a vida.
E nesse mundo, onde algumas pessoas acham que eu vivo nua para quem quiser me ver de todos os ângulos e me explorar e me sentir e me provar e me sacanear. Nesse mundo, eu vivo bem escondida e protegida.
Ou vocês acham mesmo que eu sou inconseqüente e construiria um castelo tão escancarado sem ter pensando na fortaleza perfeita para mantê-lo intacto?
- Tati Bernardi
, esse texto é muuuuuuito a minha cara, ahaha
frase do dia
Cáh Morandi
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
eu não sei voar
Eu canso dos meus meio sorrisos tanto, tanto, que prefiro que a vida seja assim mesmo. E aí me pergunto se chorei de tristeza profunda ou alegria libertadora, o que acaba dando no mesmo porque minha profundidade me liberta.
A barata preta, enorme e voadora posou no canto da minha boca. E eu pude chorar todos os meus medos no seu sofá e eu pude ficar curvada do jeito que a minha sombra, que só eu vejo, é. E eu pude borrar todos os meus disfarces e ficar feia sem culpa, porque a dor consegue ser sempre maior do que qualquer culpa, por isso o meu vício em sofrer.
Eu chorei a nossa imperfeição, eu chorei a saudade enganada da nossa perfeição, eu chorei a nossa necessidade de não se largar, eu chorei a nossa necessidade de se largar, a nossa necessidade de fugir do mundo em nós e a nossa necessidade de fugir de nós encontrando amigos.
Eu chorei o nosso ego que sempre tem respostas para tudo e não pode perder, chorei o nosso silêncio cansado de perguntas e desprovido de interesses, a pobreza do mundo que nos impossibilita de sermos felizes sem culpa, a falta de simplicidade que eu tenho para ser feliz e eu chorei o espaço da nossa alma que ainda falta evoluir.
Eu chorei o nosso medo de não sermos o que sonhamos. Eu chorei o medo que eu tenho de não ser quem você quer e o medo que eu tenho de ser exatamente o que você quer.
Eu chorei porque precisava de colo, porque precisava te mostrar a minha fragilidade escondida no meu mau-humor. Eu chorei de birra do meu lado homem.
Eu chorei porque vez ou outra ele ainda bate na minha porta e eu o deixo entrar, e eu sei que isso é medo do tanto que você habita todos os lugares.
Eu chorei porque eu te amo mas eu não sei amar. Eu chorei porque eu sempre canso de tudo e tudo sempre cansa de mim. Chorei de cansaço profundo de sempre cansar de tudo e tudo sempre cansar de mim. Chorei de apego ao cheiro do novo e principalmente de melancolia pelo cheiro do velho. E chorei porque tudo envelhece com novos cheiros e a vida nunca volta. Eu chorei de pavor da rotina, de pavor do fim, de pavor de sair da rotina e começar outros fins.
Eu chorei meu medo de submissão, o meu medo de vomitar, o meu medo de me mostrar pra você tanto, tanto, e não ter mais o que mostrar. Eu chorei minha infinidade de coisas e o medo de você não querer abrir os mais de um milhão de baús que existem escondidos na caixa cerrada que eu guardo embaixo do meu peito. Eu chorei meu fim e o medo do meu infinito.
E eu teria chorado cinco anos se você não me dissesse que já era hora de parar. E eu chorei depois cinco anos escondida, porque eu não sei a hora de parar e não quero que ninguém me diga.
Aliás, eu quero sim. Eu quero que você me diga quando for a hora de parar, de continuar e de não pensar em nada disso.
Eu quero que você me acorde com uma lista de horas e outras lista de anos e outra lista de encarnações. Eu quero que você me dê a mão e me ensine o que é um relacionamento porque eu só sei andar de quatro, cheirando xixis nas ruas e rabos alheios.
Eu quero que você me ensine a ser uma mulher para você.
Ao mesmo tempo eu quero que vocë suma porque eu só quero ser uma mulher para mim. Eu me quero só para mim.
Era minha a dor de ser solitariamente para mim. E você a substituiu pela dor de não querer mais ser solitariamente só para mim. Mas tudo é dor afinal, e eu não sei ser leve, eu não sei voar, mas a barata que vôou para o canto da minha boca, sabe.
Eu carrego o esgoto no meu ventre negro, mas não sei voar como ela. Por isso ela ainda consegue ser melhor do que eu.
E com todos os meus poderes para estragar a vida de alguém, eu ainda tenho medo da barata.
Porque ela sabe ser misteriosa, ela sabe incomodar sem abrir a boca, ela sabe enojar o mundo com sua meleca branca sem ter que mostrá-la a ninguém.
Ela é muito mais misteriosa do que eu.
Em comum temos as chineladas do mundo e todos os seres amedrontados que querem acabar com a nossa raça. Mas o poder dela ainda é muito maior do que o meu, porque ela não ama, ela não se sente traída pelas chineladas do mundo.
Ela não sabe o que é não entender nada desse mundo e ter medo do tempo. Ela não sabe o que é ter nas mãos o poder de construir e destruir e ter tanto medo desse poder.
Ela vive no esgoto e não sabe o que é ter tanto medo dele.
Ela aparece sem ser desejada e não sabe o medo que não ser desejada causa.
Ela é uma barata e nunca vai saber o medo que a gente sente de se sentir uma.
E eu chorei tanto que finalmente transformei meu meio canto de boca num bico inteiro. E chorei porque tenho tanto medo de tudo o que é inteiro, que prefiro viver tudo na cabeça, enquanto o corpo relaxa na minha cama, longe de tudo.
Eu deito na minha cama e imagino tudo o que pode acontecer, enquanto não toco de verdade na vida para não cansar demais e depois não ter forças para viver de verdade. Mas acabo dormindo e deixo pra depois.
Mas eu chorei justamente porque descobri que viver na cabeça também é um tipo de coragem, porque eu não protejo a alma de feridas e nem de descanso.
Mas aí ela, preta, imunda, nojenta, indesejada, um pedaço do esgoto, vôa em minha direção e me coloca em movimento. E eu corro pra bem longe e não penso, só corro.
E isso é tão diferente para mim, estar em movimento de fora para dentro, que eu choro de emoção.
Eu não pensei, eu vivi. Eu corri dela, eu vivi o medo. Eu vivi o nojo. E eu chorei de dor de sair da minha bolha interna.
Ela me fez ter vontade de gritar para o mundo nojento para que ele deixe meu coração em paz. Meu coração que quer amar em paz e esquecer que a vida pode ser nojenta.
E eu corri de tudo o que é nojento, e eu chorei porque com tantas coisas lindas me acontecendo, eu precisei de uma barata para me lembrar de sentir a vida fora da minha bolha.
Ela perfurou minha proteção e saiu da minha rotina. Ela invadiu tudo e me lembrou que as coisas podem dar erradas sim, quando se menos espera, e não adianta nada estar com o chinelo preparado na mão para se defender da vida.
A vida voa na sua cara, esbarra no seu rosto, suja sua vaidade, corrompe suas certezas, e você não pode fazer nada. A não ser lavar o rosto e começar tudo de novo.
- Tati Bernardi
(+) frases
indecisão
(+) frases
Não preciso de horóscopo, cartomante ou macumbeira pra saber o que você sente quando está comigo. Eu preciso é de fé pra acreditar que isso se perpetua quando os nossos corpos já não estão juntos.
frase do dia
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
medo
Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.
Fabricio Carpinerjar
terça-feira, 10 de agosto de 2010
(+) frase
@danielopohl
acho que é dele, haha
covarde
Eu não faço mesmo idéia de pra onde eu vou, mas eu vou, porque eu não tenho medo de ir, perdi o medo de perder você, perdi o medo de me jogar no mundo e não ser sua nunca mais, perdi o medo de não ter um homem, pra quê um homem se eu sou mais homem que ele?! Vai ficar sozinho no escuro e não adianta chamar, gritar, chorar e nem implorar que eu não vou vim correndo com uma velinha acesa. Chama outra, sempre aparece uma besta carente pra você jogar seu mundo de medos nas costas. Espero que a próxima agüente um pouquinho mais e se ame um pouquinho menos, porque se ela gostar dela do mesmo jeito que eu gosto de mim é bem provável que ela também dê o fora.
- Amanda Teles
greys anatomy
Quando alguém nos machuca, queremos machucá-los de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos. Sem perdão, antigos placares nunca empatam, velhas feridas nunca fecham.
E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de esquecer.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
trechos
- tati bernari
boooooom, eu queria ele completo mais nao encontrei D:
frase do dia
domingo, 8 de agosto de 2010
introverso
O que lhe resta? Lhe resta o sentimento de vergonha e estranheza?
“Eu queria falar com ela.
Eu queria lhe dizer o quão seu sorriso é lindo.
Eu queria olhar em seus olhos e sorrir.
Eu queria.”
Lhe resta alguns olhares não devolvidos. Se devolvidos, assustados por estarem sendo observados. O ser observador visto. Sua concha ali. Sob olhares.
Lhe resta comentários sobre sua aparência, sobre seu jeito. Comentários que talvez nunca cheguem ao seu conhecimento.
E o grande problema em que muitas vezes acontece, é que junto com a falta de conhecimento sobre o pensamento alheio. É quando você realmente se importa com o que as pessoas pensam.
Se é o tipo de pessoa que não se importa. Fácil. Mas quando você se importa, você quer saber. E quer dar respostas, e não lhe é permitido por sua mente. Que impede seus movimentos. Que impede seu pensar:
“Estou cansado. Eu quero dizer alguma coisa.
Droga. Eu queria.”
Daniel Opohl
frase do dia
putz, não sei de quem é, mais assim que eu encontrar posto aqui .
greys anatomy
texto sem nome
E agora lhe pergunto? Sabe a solidão? Aí você responde, “Claro que sei, sinto muitas vezes.” Claro, é parte de uma solidão. Mas o grande problema é quando há pessoas dispostas a te tirarem de lá. E tudo o que consegue fazer é ficar quieto. É ser aquela peça de cubo de gelo que é colocada em um copo com um objetivo, mas está apenas pra isso. E é isso que dói. Não ser mais que o seu objetivo.
Quando há tudo a tua volta. E tudo o que consegue fazer é manter seus ouvidos e sua boca fechados. Com os olhos bem abertos. Observador.
De fato, o que mais lhes pode ser dito é que observar a própria vida, cuidar apenas de si mesmo, saber que você está bem. Dói. Dor que não sabia que poderia sentir.
Andar em meio às pessoas. Tomando um café. Sorrindo. Meu coração permanece. Dolorido. Pois sei que estou só.
Daniel Opohl
Um de seus canais
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
greys anatomy
Greys Anatomy
textos
Com o tempo ela percebeu que eles já não faziam mais parte dos planos um do outro, então o deixou partir e de uma vez por todas se afastou.
*Mas ela confessa que talvez possa sonhar com ele, e quem sabe um dia ele ainda pense nela.
uma amiga, me mandou por msn, achei MUITO lindo ! *-*
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
frase do dia
George O'malley - Greys Anatomy
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
nas comunidades
A partir de agora, vou procurar outro você .