Millôr diz que viver é desenhar sem borracha. Diz também que é como atravessar uma chuva de tijolos: a gente escapa da maioria deles, mas ás vezes um acerta um ombro, ás vezes pega meio de lado, ás vezes parte um joelho. As marcas das tijoladas vão se acumulando, dentro e fora, até aquele tijolo que acerta em cheio. Gosto dessa metáfora. Acedito em tijolos, e acredito em cacos de tijolo, nas sobras de um tijolo específico destinado a determinado passante que, sem propósito querer, acerta os outros á sua volta, aquilo em linguagem de guerra os angloparlantes chamam de de
collateral damage. Não estou simpatizando com 2011. A quantidade de tijolos está acima do suportável .
Cora Ronai
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