sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

é que eu tô sozinho

Um dia desses saiu da janela, virou a esquina, esqueço as horas, deixo de esperar, talvez nesse dia eu até vire a página, esqueço você, deixo sem ponto final. Um dia sem culpa alguma eu esqueço teu cheiro, aquele que fica no quarto quando você vai embora. Assim esquecendo, eu lembro o quanto você se atrasa quando diz que está vindo, o quanto demora muito em qualquer lugar antes de chegar aqui, pois enquanto você não vem, fico imaginando mil possíveis besteiras. Qualquer sentido vale quando faltam palavras pra dizer que esperei a noite toda, relutei em ligar, recebi amigos ocupando um espaço que era teu, agradecendo a noite agradável com eles, mas ninguém era você. O trato era contigo, mas ainda vou te esperar chegar, dizer qualquer besteira, falar de alguma crise existencial, algum de seus dez mil defeitos que eu já conheço, então vou esquecer as longas horas saindo da janela acreditando que você viraria a esquina. Passaram carros, pessoas, passou vento e nada mais me trouxe, além da certeza de que amanhã seria outro dia, que passaria, que por algum motivo bem lá no fundo sua falta já me acompanhava, quando me sentia irritado em tua ausência e mesmo assim eu acreditava que algo de errado poderia ter acontecido, talvez inocência para alguns, para mim não passa de confiança, acreditar como acredito que as pessoas são o que a gente faz delas e é por isso que ainda fico na janela, ainda acendo o incenso, deixo a chave por perto, se você chegar daqui a pouco, amanhã, ou mais tarde eu jogo a chave, faço cara de solitário, você sobe e a gente resolve o que tem me irritado e eu mais uma vez esqueço, sabendo que estou permitindo esquecer que as horas passadas foram tristes e sozinhas.


retirado de: http://meucafegelado.blogspot.com/

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