sábado, 21 de janeiro de 2012

texto

Mulher não desiste, se cansa. A gente tem essa coisa de ir até o fim, esgotar todas as possibilidades, pagar pra ver. A gente paga mesmo. Paga caro, com juros e até parcelado. Mas não tem preço sair de cabeça erguida, sem culpa, sem ‘e se’! A gente completa o percurso e às vezes fica até andando em círculos, mas quando a gente muda de caminho, meu amigo, é fim de jogo pra você. Enquanto a gente enche o saco com ciúmes e saudade, para de reclamar e agradece a Deus! Porque no dia que a gente aceitar tranquilamente te dividir com o mundo, a gente não ficou mais compreensiva, a gente parou de se importar, já era. Quem ama, cuida! E a gente cuida até demais, mas dar sem receber é caridade, não carinho! E estamos numa relação, não numa sessão espírita. A gente entende e respeita seu jeito, desde que você supra pelo menos o mínimo das nossas necessidades, principalmente emocionais, porque carne tem em qualquer esquina.

frase

As pessoas, às vezes, procuram exatamente o que será capaz de doer ainda mais fundo.

trecho

 Desculpa se entrei, sentei e saí assim sem olhar atrás.
É que quando a gente olha corre o risco de titubear, 
e eu bem sei como o coração é fraco. 
Desculpa a falta de coragem.

frase do dia

E no entanto eu não desato esse laço.
Tão apertado, parece forca.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Amar é que é sujo e perigoso

Amor é que é sujo e perverso

A maior pornografia que existe é o amor. O amor acontece quando você não tem nojo de saborear toda a pessoa, sem cerimônias ou limitações

Estou numa festa de gente fina, elegante e sincera. Mentira. Estou numa festa de gente metida a fina, a elegante e a sincera. Visto uma saia mais curta que meu talento para esse tipo de festa. Escolho minha presa e o convido para ir até minha residência. Ele é alto, forte e tem o queixo quadrado. Ele não quer que eu tire o salto alto nem a saia. O resto todo eu posso tirar. Transamos no sofá novo e roxo que comprei. Não lembro se o nome dele é Alan, Aldo, Álamo ou Wally. Não consigo gozar porque estou preocupada demais com os dois segundos em que nos encostamos sem camisinha. Não sei quem é esse cara. Ele não é divertido, ele não tem senso de humor, não é charmoso e acha que contar esse papinho furado sobre ser um “executivo que surfa” é o que faz mulheres darem pra ele. Não existe nada mais clichê em São Paulo do que ser um “firma” metido a “amante do esporte e da natureza”. Pode até funcionar com algumas moças deslumbradas e igualmente ocas, mas o que me fez dar pra esse sujeito, além de tédio existencial, não tem absolutamente nada a ver com o que ele possa vir a pensar ou falar ou fazer. Foram os ombros largos e a bunda seca. Odeio homem com ombros curtos e bunda grande ou empinada, tipo pagodeiro. Gosto de homem com costas longas e bunda magrela. Homem não tem que ter bunda grande, tem que ter carteira cheia.
Ele quer agora transar em pé. Não achamos uma posição, não temos intimidade, não temos nada. Não temos mais nem vontade de transar. O efeito da bebida passou e agora somos dois estranhos tentando disfarçar a angústia profunda de fazer amor sem amor. Nada disso é erótico, sensual. “Ah, peguei um gostoso numa festa e levei pra casa!” Grande coisa. Você perdeu um tempo precioso em que poderia estar curtindo um bom livro no quentinho acolhedor da sua caminha. A única putaria possível, fazemos com quem amamos. A maior pornografia que existe é o amor. Só no amor é possível ficar enlouquecido de tesão com uma mancha estranha nas costas da pessoa, com um pelo solitário que você encontra em algum centímetro de pele escondida, com uma posição que não favorece a barriga, com pés tortos e caretas estranhas. O amor acontece quando você não tem nojo de saborear toda a pessoa sem cerimônias ou limitações. O amor é quando não se pensa no sexo, apenas se faz para não morrer. Amor é sexo não cerebral, um fluxo ignorante que nos liberta completamente. Amar é nunca ter que pedir: “perdão, você pode tomar um banho?” Amar é infinitamente mais sujo, perverso e doentio do que transar com qualquer pessoa suja, perversa e doentia num banheiro de uma balada suja, perversa e doentia. Aquilo que você faz, num lençol branco e limpinho, com a pessoa que você conhece há tantos anos, é muito mais perigoso que uma loucura com um desconhecido qualquer. Essa putaria rolando solta pelas noites afora não passa de desculpa medíocre de gente que sente inveja do amor. O amor é para os verdadeiros aventureiros, corajosos, desbravadores. O sexo selvagem e casual é coisa de menininha.
Tati Bernardi é escritora e roteirista.       ( Revista Alfa, reportagem )

A Sérgio Keuchgerian

Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas.
Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito lindo e eu tento te enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim.
Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo

Caio F.

PS — Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis.
E amanhã tem sol.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

amor, sexo e um recomeço

Estou lendo um livro em que logo nos primeiros parágrafos a autora decreta: “A maioria das mulheres não consegue separar sexo de amor. E eu sempre me pergunto como elas conseguem juntá-los”.
Eu não chego a tanto, mas sempre consegui deixar cada um no seu quadrado. Sexo com amor é uma delícia? Ô, se é. Mas, convenhamos, só se o sexo com aquela pessoa seria bom também sem amor. Caso o parceiro não tenha a menor ideia de como agir, não há amor que resolva.
Mas este não é um post para mostrar técnicas infalíveis de como separar sexo de sentimento – o blog inteiro meio que fala disso o tempo todo. Falo aqui de um momento importante na minha vida, que mostrou que isso é certo na minha vida como 2 + 2 = 4… e como uma boa noite de sexo pode começar a fechar algumas feridas.
Eu era apaixonada e muito bem comida pelo meu ex. Apesar de nosso relacionamento ter sido aberto, eu não transei com ninguém além dele durante o período em que estivemos juntos. Flertei, considerei sair com outro, mas eu preferia era ficar com o ex o máximo de tempo que eu conseguisse (e isso era basicamente qualquer tempo livre).
Como vocês bem sabem, a história terminou e eu, logo em seguida, entrei em crise depressiva. Se a pessoa não consegue tomar banho, imagine fazer sexo. Sim, de vez em quando eu sentia uma vontade, mas a preguiça e falta de ânimo de fazer qualquer coisa me impediram de ir em frente. Em um bom almoço com um bom rapaz até considerei a possibilidade, mas eu só queria chorar – imaginem transar. Impossível.
Até que universo conspira (#paulocoelhofeelings) e as coisas se encaixam (ui) de maneira surpreendente. Casualmente encontrei um amigo que também estava fodido; talvez até mais do que eu.
No início foi estranho. Ambos sabíamos o motivo pelo qual estávamos naquele quarto. Nós dois queríamos exorcizar o passado. Nossa autoestima estava rente ao chão. Dois fodidos. Fo-di-dos. Que usaram uma foda para se sentirem vivos novamente.
Eu senti um pouco de vergonha de tirar a roupa. Vocês não têm noção de quão devastadora é uma crise depressiva na percepção da gente mesma. Quando me olhava no espelho, só enxergava uma mulher sem nenhum tipo de atrativo (quem disser que eu sempre fui feia, que pegue no meu pau e balance). Como eu poderia imaginar que um homem não broxaria imediatamente com a visão do meu corpo nu?
Ele não broxou. Pelo contrário, aliás. A gente foi se entendendo, se descobrindo, e os vizinhos devem ter achado um pouco ruim o barulho insuportável que a cama fazia. Não foi uma transa espetacular; não demos milhares sem tirar de dentro; não ficamos até de manhã trepando enlouquecidamente. Mas o que aconteceu ali transcendeu a questão sexual, mesmo que por meio do sexo.
Parece loucura? Talvez seja – e eu não sei se estou conseguindo me explicar direito. Aquela noite foi só sexo entre amigos. Só isso. Mas eu me senti viva de novo. Sentir prazer em meio a tanto problema, me sentir desejada, fazer um homem feliz, tudo isso foi essencial para eu saber que, embaixo daquela coisa toda, a Letícia ainda existia.
Em nenhum momento da transa eu lembrei do ex. Nenhum. Aí que eu digo que sexo e amor, pra mim, estão completamente separados. Eu ainda o amava (e, convenhamos, por mais que eu não goste da ideia, ainda amo), mas não transei com um pensando em outro ou coisa do tipo.
Transei, gostei, me diverti, tudo isso olhando bem no rosto do homem que me comia. Ao final, corpos cansados, deitei ao lado dele, encostei a cabeça no peito dele… e só então lembrei de quem devia esquecer. O ex tem o peito peludo, e o outro rapaz, não. Um é gordinho, o outro bem magro. Com os hormônios mais calmos, foi estranho passar a mão num corpo diferente. Mas foi bom. Muito bom. Lembrei quão delicioso isso tudo é.
Sim, eu continuei em crise, continuei sofrendo, continuei fodida. Se sexo fosse a cura pra uma crise depressiva, as indústrias farmacêuticas venderiam mais viagras do que lexotans, mas as coisas não se resolvem assim tão facilmente.
Ah, mas como ajuda o calor subindo pelas costas e um belíssimo pau duro na sua frente. Ai, como ajuda…


Por, Leticia F, em Cem Homens

frase do dia

A maioria das mulheres não consegue separar sexo de amor. E eu sempre me pergunto como elas conseguem juntá-los.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

e tudo mudou

O rouge virou blushO pó-de-arroz virou pó-compactoO brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolorA Lycra virou stretchAnabela virou plataformaO corpete virou porta-seiosQue virou sutiãQue virou libQue virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamentoA escova virou chapinha"Problemas de moça" viraram TPMConfete virou MM
A crise de nervos virou estresseA chita virou viscose.A purpurina virou gliterA brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bombaA ergométrica virou spinningA tanga virou fio dentalE o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou BabalooO a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressãoO espaguete virou Miojo prontoA paquera virou pegaçãoA gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shoppingA areia virou ringueA caneta virou tecladoO long play virou CD
A fita de vídeo é DVDO CD já é MP3É um filho onde éramos seisO álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtualA cantada virou torpedoE do "não" não se tem medoO break virou street
O samba, pagodeO carnaval de rua virou SapucaíO folclore brasileiro, halloweenO piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônicoFortificante não é mais BiotônicoBicicleta virou BisPolícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TVFauna e flora a desaparecerLobato virou Paulo CoelhoCaetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TVBaby se converteuRPM desapareceuElis ressuscitou em Maria Rita?Gal virou fênixRaul e Renato,Cássia e Cazuza,Lennon e Elvis,Todos anjosAgora só tocam lira...
A AIDS virou gripeA bala antes encontrada agora é perdidaA violência está coisa maldita!
A maconha é calmanteO professor é agora o facilitadorAs lições já não importam maisA guerra superou a pazE a sociedade ficou incapaz... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças.


Luis Fernando Verissimo 

2012

E recomeçar é doloroso.. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência!Pra esse ano?Espero estar sempre tomando as decisões corretas.Que Deus me afaste dos venenos diários que não me acrescentam.Que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera..Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir.Crie laços com as pessoas que me fazem bem, que me parecem verdadeiras, porque a vida segue, mas o que foi bonito fica com toda a força. Certos momentos nem o tempo apaga.Não negue, apareça. Seja forte, porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto.E o que importa você sabe menina, é o quão isso te faz sorrir, e só.
Que 2012 me traga de volta, todos os sorrisos que 2011 me roubou.
E que seja doce, SEMPRE!