segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

amor, sexo e um recomeço

Estou lendo um livro em que logo nos primeiros parágrafos a autora decreta: “A maioria das mulheres não consegue separar sexo de amor. E eu sempre me pergunto como elas conseguem juntá-los”.
Eu não chego a tanto, mas sempre consegui deixar cada um no seu quadrado. Sexo com amor é uma delícia? Ô, se é. Mas, convenhamos, só se o sexo com aquela pessoa seria bom também sem amor. Caso o parceiro não tenha a menor ideia de como agir, não há amor que resolva.
Mas este não é um post para mostrar técnicas infalíveis de como separar sexo de sentimento – o blog inteiro meio que fala disso o tempo todo. Falo aqui de um momento importante na minha vida, que mostrou que isso é certo na minha vida como 2 + 2 = 4… e como uma boa noite de sexo pode começar a fechar algumas feridas.
Eu era apaixonada e muito bem comida pelo meu ex. Apesar de nosso relacionamento ter sido aberto, eu não transei com ninguém além dele durante o período em que estivemos juntos. Flertei, considerei sair com outro, mas eu preferia era ficar com o ex o máximo de tempo que eu conseguisse (e isso era basicamente qualquer tempo livre).
Como vocês bem sabem, a história terminou e eu, logo em seguida, entrei em crise depressiva. Se a pessoa não consegue tomar banho, imagine fazer sexo. Sim, de vez em quando eu sentia uma vontade, mas a preguiça e falta de ânimo de fazer qualquer coisa me impediram de ir em frente. Em um bom almoço com um bom rapaz até considerei a possibilidade, mas eu só queria chorar – imaginem transar. Impossível.
Até que universo conspira (#paulocoelhofeelings) e as coisas se encaixam (ui) de maneira surpreendente. Casualmente encontrei um amigo que também estava fodido; talvez até mais do que eu.
No início foi estranho. Ambos sabíamos o motivo pelo qual estávamos naquele quarto. Nós dois queríamos exorcizar o passado. Nossa autoestima estava rente ao chão. Dois fodidos. Fo-di-dos. Que usaram uma foda para se sentirem vivos novamente.
Eu senti um pouco de vergonha de tirar a roupa. Vocês não têm noção de quão devastadora é uma crise depressiva na percepção da gente mesma. Quando me olhava no espelho, só enxergava uma mulher sem nenhum tipo de atrativo (quem disser que eu sempre fui feia, que pegue no meu pau e balance). Como eu poderia imaginar que um homem não broxaria imediatamente com a visão do meu corpo nu?
Ele não broxou. Pelo contrário, aliás. A gente foi se entendendo, se descobrindo, e os vizinhos devem ter achado um pouco ruim o barulho insuportável que a cama fazia. Não foi uma transa espetacular; não demos milhares sem tirar de dentro; não ficamos até de manhã trepando enlouquecidamente. Mas o que aconteceu ali transcendeu a questão sexual, mesmo que por meio do sexo.
Parece loucura? Talvez seja – e eu não sei se estou conseguindo me explicar direito. Aquela noite foi só sexo entre amigos. Só isso. Mas eu me senti viva de novo. Sentir prazer em meio a tanto problema, me sentir desejada, fazer um homem feliz, tudo isso foi essencial para eu saber que, embaixo daquela coisa toda, a Letícia ainda existia.
Em nenhum momento da transa eu lembrei do ex. Nenhum. Aí que eu digo que sexo e amor, pra mim, estão completamente separados. Eu ainda o amava (e, convenhamos, por mais que eu não goste da ideia, ainda amo), mas não transei com um pensando em outro ou coisa do tipo.
Transei, gostei, me diverti, tudo isso olhando bem no rosto do homem que me comia. Ao final, corpos cansados, deitei ao lado dele, encostei a cabeça no peito dele… e só então lembrei de quem devia esquecer. O ex tem o peito peludo, e o outro rapaz, não. Um é gordinho, o outro bem magro. Com os hormônios mais calmos, foi estranho passar a mão num corpo diferente. Mas foi bom. Muito bom. Lembrei quão delicioso isso tudo é.
Sim, eu continuei em crise, continuei sofrendo, continuei fodida. Se sexo fosse a cura pra uma crise depressiva, as indústrias farmacêuticas venderiam mais viagras do que lexotans, mas as coisas não se resolvem assim tão facilmente.
Ah, mas como ajuda o calor subindo pelas costas e um belíssimo pau duro na sua frente. Ai, como ajuda…


Por, Leticia F, em Cem Homens

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