sábado, 28 de maio de 2011

trechos

Pequeno grande amor / que gerou toda sorte de reflexão / se fosse apenas um pequeno grande amor / passaria longe do meu epicentro / se fosse um grandíssimo amor / estaria tudo ao meu redor devastado / mas foi um pequeno grande amor / daqueles que têm tamanhos para todos os lados / e só podem ser medidos por dentro.

A partir de amanhã não corro mais para atender o telefone / a caixa de fotos vou colocar na última prateleira do armário / onde só alcançarei com muito esforço e escada / a partir de amanhã não abro mais o correio eletrônico / nem voo até sua letra no alfabeto / não passarei mais pela sua rua / a partir de amanhã / nem na vizinhança, atalharei por outro bairro / não há necessidade e meu coração não é de confiança / a partir de amanhã interrompo o surto e esqueço a placa do seu carro / não há perigo de eu sonhar com você, a partir de amanhã / não durmo mais, e as músicas que eu escutava, evitarei / já não te velarei, a partir de amanhã.

Aspiração em mesa de cirurgia: / doutor, não quero tirar culote, barriga ou pedaço da coxa / deixe o corpo como está que tenho mais o que perder / arranque-o de mim, doutor, é desse amor que preciso emagrecer.

Ele era gago, vesgo e mancava de uma perna / e daí? Era gostoso, inteligente e tinha uma boca linda / sabia dizer coisas belas em horas estranhas / e chorava quando se sentia completamente feliz.

Passei tanto tempo procurando as palavras / que resumiriam nossa relação / mas tudo o que encontrei / foi pontuação / exclamações, interrogações, reticências / muita vírgula no lugar errado / tremas e acentos desatualizados / aspas que deixavam tudo formal / e um ponto final pra lá de precipitado.

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