terça-feira, 23 de novembro de 2010

sem titulo

Mesmo depois de tanto tempo é claro que aquele era um encontro um tanto desagradável . Mesmo depois de tantos meses,semanas,dias e horas passados, ouvir aquela grossa voz e olhar naqueles doces olhos ainda mexiam com Clarice . Os mesmos olhos doces que lhe traziam todas as boas lembranças de 8 meses de um namoro que aos olhos dos outros era perfeito,lhe faziam entrar em um brando estado de fúria ao recordar de todas as mentiras ditas com um máximo de cinismo possível .
Ele fora seu primeiro namorado,ela criara todas as expectativas e sonhos que as meninas criam ao sonharem com o seu príncipe encantado. Era o romance que sempre sonhara em ter, era exatamente como um conto de fadas dos dias modernos.
Clarice sabia da fama de mulherengo que seu amado tinha,mas o amor lhe fazia acreditar que ele havia mudado,havia mudado por ela,porque ele dizia estar apaixonado .
Porém um dia acordou desse sonho que acreditara ela que nunca teria um fim, e chegou a tona de que histórias perfeitas com finais felizes realmente só existem em contos de fadas . Eduardo não havia mudado como ela pensara,bastou-se uma curta viagem,algumas festas com velhos amigos para ele voltar a ser como era , ou melhor,ele voltara a ser o que nunca havia deixado de ser . Clarice parecia não acreditar nas barbaridades que as amigas que lhe diziam,aquele não poderia ser o “seu” Eduardo, elas só podiam estar se confundindo, ele nunca faria isso ,porque ele se declarara completamente apaixonado,dizia ter mudado,mas quem poderia provar de que tudo o que ele dizia era realmente verdade ?
Resolveu conversar com ele,saber a sua versão,ela nunca fora de julgar alguém sem saber do que realmente estava julgando,sempre fora muito justa e com aquele que acreditava ser o homem da sua vida não seria diferente . Ela estava convicta de que tudo havia sido um mal entendido, que ele lhe contaria a verdade e tudo ficaria bem, porém desta vez sua confiança havia sido trincada e qualquer explicação não a convenceria ...
E pela primeira vez ela conseguira ver a mentira saindo claramente em suas palavras,ele estava confuso,não sabia bem o que dizer,não estava preparado,ela chegara de surpresa e Clarice então percebera que o que suas amigas haviam lhe contado não havia sido um mal entendido,realmente acontecera,Eduardo havia traído-a ...
Sentiu o chão se abrir,as lágrimas passaram a jorrar em seu rosto diante dele pedindo desculpas desesperadamente,dizendo que precisava se explicar, que aquilo não aconteceria novamente,mas a mágoa era grande demais . Ela não conseguira dizer nada, apenas saiu rua a fora, correndo sem destino . Por fim parou em uma praça,não uma praça qualquer, mas na praça que era denominada deles,porque fora ali que se conheceram,fora ali que ele havia pedido-a em namoro,fora ali que por tantas vezes passaram horas fazendo juras de amor, ali estavam as mais belas recordações dos dois,e em meio a um rio de lágrimas Clarice não conseguia acreditar no que estava acontecendo, não conseguia acreditar que ele havia feito isto, ele dizia amá-la tanto,dizia que ela era a garota dos seus sonhos,e qual garota perdidamente apaixonada não acreditaria nestas palavras ?
Passou a lembrar de todos os beijos,abraços e “eu te amo” ditos,será que tudo realmente fora verdadeiro ? Ela sabia que sim,mas apenas da parte dela,todos aqueles sonhos eram apenas dela . Quanta ingenuidade ter acreditado nele,mas estava apaixonada, e por amor fazemos coisas inimagináveis ...
Mesmo depois do ocorrido ela não deixara de ir a praça,mesmo ali tendo tantas recordações que doíam no fundo do seu peito,ela gostava de lá . E em um desses dias,sentada,sozinha,quem ela menos esperava que pudesse se sentar ao seu lado chegara, sim ele, Eduardo .
Sentia o mesmo frio na barriga que sentira segundos antes do primeiro beijo deles, mas também sentira uma raiva imensa, a ponto de virar e pular em seu pescoço,xingá-lo dos piores nomes existentes e inexistentes também , mas sabia que se fizesse isto segundos depois cairia sobre seu peito e desabaria a chorar,perguntando por que ele teve de estragar tudo .
Ele tocou seu ombro e ela se afastou .
- Ei, calma,eu não vou te atacar,só queria conversar, saber como você está – Ah,quanta cara de pau não é mesmo ? Ela tinha vontade de soltar mais uma das suas tão irritantes irônicas risadas,mas limitou-se e sentia o medo crescer dentro de si .
- Hm,- Fora apenas isto que respondera,ele se levantou um tanto irritado e rindo disse :
- Você não mudou nada mesmo ein ? Por que você é sempre tão fria ?
Clarice fechara os olhos e contara até dez em pensamento,controlava-se para não cometer nenhuma besteira e com um sorriso amarelo respondeu-lhe :
- Não estou sendo fria,só estou ... cansada...
Puts,que burra pensara,não havia algo melhor a dizer ? Mas agora já tinha dito e ele aproximando-se novamente perguntou:
- Cansada do quê pequena ? – E colocou atrás da orelha dela uma mecha que tampava o seu olho . Ela sentira um frio na espinha e respondera :
- Ando com a vida muito corrida ultimamente ...- Ele se aproximou ainda mais,Clarice conseguia prever o que estava prestes a acontecer,mas não tinha forçar para evitar,parecia imóvel,estava paralisada olhando para aqueles doces olhos por quem ela era apaixonada .
- É incrível como cada dia que passa você consegue ficar ainda mais bela – Pronto, era o que bastava para a besteira ser cometida, ele agarrou-a pela cintura e beijou-a . Beijaram-se com saudade,ternura e desejo . Pronto,estava feito,por um momento toda a dor desaparecera e toda aquela felicidade voltara,mas fora apenas por um momento .
Ao chegar em casa não conseguia acreditar no que acontecera,e sentiu toda a dor voltar,e as lágrimas começaram a escorrer,correra para seu quarto,desabou na cama e chorou com a esperança de toda a dor passar .
Pouco tempo depois,quando estava se sentindo melhor ouvira o telefone tocar,atendera sem receio algum,e gelou ao ouvir a voz . Era ele,desculpando-se pelo ocorrido,e pedindo a ela que não interpretasse mal o que acontecera,que era melhor encerrar ali, que ele precisava de um tempo e não queria levar aquilo adiante não naquele momento . Clarice nada respondeu,apenas desligou o telefone e voltou a chorar,como pôde se deixar levar tão facilmente ? Como pôde ?
Horas mais tarde uma amiga resolvera visitá-la para contar-lhe algumas novidades,não fazia ideia do ocorrido . Ao ver o semblante triste da amiga perguntou-lhe :
- Você está bem ?
- Sim .
Então Clarice desatou a chorar . Ela sabia que não,sabia que mais uma vez estava se enganando para tentar sofrer menos,estava se tornando cada vez mais fria e fechada . Esquecer sabia que nunca esqueceria,ele fora seu primeiro amor e dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece.



encontrei em uma comunidade no orkut palavras ao vento, haha é da bruna araújo, *-*

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